Leia abaixo a nota da Abong Bahia e Sergipe:

A ABONG Bahia e Sergipe vêm manifestar seu repúdio pelo aviso de cortes de verbas à UFBA anunciados pelo MEC sob a rasteira alegação de não apresentar desempenho acadêmico. Não por acaso universidades como a UNB e UFF bastante ativas nas suas relações de extensão universitária com os movimentos sociais, foram também alvo deste expediente. Soa como escárnio e insanidade a ameaça do ministro Abraham Weintraub, de que universidades “que estiverem fazendo balbúrdia, terão verbas reduzidas”. Assim ele define a presença de sem-terra no campus. Será que desconhece a existência de múltiplos convênios que o Movimento dos Sem Terra mantém há anos com dezenas de universidades em todo o País?

Quase desnecessário expressar nossa solidariedade e reconhecimento pelo papel da UFBA no desenvolvimento da cultura, das artes e inovação tecnológica na Bahia bem como, com o compromisso social em diversos momentos e atividades, com destaque para o acolhimento e participação ativa no Fórum Social Mundial realizado em março do ano passado em Salvador. Atitude que só uma gestão democrática e comprometida com a Universidade pública, gratuita e inclusiva, dedicada à criação, à investigação e ao pensamento crítico ancorados na excelência e no compromisso social, seria capaz de realizar. Para a UFBA, o FSM foi uma oportunidade ímpar de interação criativa direta da universidade com comunidades e sociedade, em seus próprios espaços e para nós, sociedade civil organizada, através do Grupo Facilitador do FSM, a constatação de contarmos com apoio ativo e solidário da Universidade Federal da Bahia, desde o primeiro instante.

Sabíamos que o cerco reacionário chegaria cada vez mais à academia – espaço do livre pensar e do conhecimento. Em meio à difusão da Escola sem partido e expansão da educação à distância na educação intermediária, logo sobreveio a má notícia de desestruturação dos cursos de ciências humanas, em especial os de Filosofia e Sociologia – o patamar imediato para afrontar o princípio que assegura a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber – a liberdade de cátedra. Desprezar as humanidades é sintoma clássico de viés fascista.

Não se trata de um fato isolado, mas componente de uma enlouquecida desconstrução da democracia e dos direitos no Brasil de sua soberania e a execução de uma campanha para desmerecer o Ensino Superior gratuito e de qualidade para justificar a privatização da educação.

A UFBA é corpo vivo por onde circulam mais de 50 mil pessoas e se comunica intensamente com o povo baiano, deu um salto de 40 para 96% de cursos de graduação avaliados com a nota 4 ou 5 pelo MEC, entre 2014 e 2016,  destacou-se como pioneiro em muitos campos de pesquisa, a exemplo da regeneração de ossos com uso de células-tronco e pioneiro na descoberta do vírus da zika. Em nada justifica cortes de verbas, se não a retaliação política!

“Com tiranos, não combinam brasileiros (nem baianos) corações”

#TODOSETODASpelaUFBA

Salvador, 2 de maio de 2019

ABONG Bahia / Sergipe