Foto:Rachel Daniel / Mídia NINJA

21/03/2018

A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) vem a público se solidarizar com as/os familiares da Vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do motorista Anderson Gomes, ambos assassinados na última quarta-feira (14/03/18).

Esse crime, assim como tantos outros que acontecem diariamente na cidade do Rio de Janeiro, atinge diretamente a população pobre, negra, moradora das favelas e de bairros periféricos. Desde o golpe contra o mandato de Dilma Rousseff, primeira presidenta mulher da República, nossa democracia vem sendo dilacerada, dia após dia. Decerto, essa democracia nunca chegou às favelas, pois a violência e as mortes são contínuas. Nem mesmo o projeto UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) foi capaz de dirimir essa situação de violência,mas apenas a transferiu para outros territórios.

Quem era Marielle Franco? Uma mulher corajosa da Favela da Maré, negra, bissexual, mãe e feminista que lutava contra todas as formas de opressão, inclusive a policial. Em seu trabalho na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), como assessora do Deputado Estadual Marcelo Freixo, sempre atendeu a todas e todos sem distinção, pois o fazia pelo seu compromisso com a dignidade humana.

Quem matou Marielle Franco e Anderson Gomes se esqueceu de algo: não se apaga uma ideia, uma luta, com quatro ou cinco tiros. Agora somos todas/os Marielle e Anderson! Lutamos e resistimos porque essa é a única possibilidade de sobreviver para aquelas e aqueles que não têm nada, somente a vida.

Lutar contra todas as formas de opressão e continuar lutando, assim como fazia Marielle. Ela foi contrao decreto de intervenção militar no estado do Rio de Janeiro desde o início, porque sabia que a medida só traria mais violência aos territórios que ela bem conhecia: as favelas.Particularmente, a sua Maré, que hoje chora pela perda de mais uma filha.

A sua morte representa o que há de pior na nossa sociedade: a intolerância, o ódio e a certeza da impunidade. Corpos pretos, pobres e de mulheres são descartáveis. Foi assim com Cláudia Silva Ferreira, morta em 2014, quando seu corpo foi arrastado pelas ruas da Zona Norte do Rio de Janeiro.

A luta pela vida das mulheres, especialmente das mulheres negras, é uma luta intensa. Marielle tinha essa consciência e, por essa razão, enfrentou com toda a sua força e coragem, venceu o medo e se entregou à luta. Com o seu sorriso franco e aberto, ela se foi. Exigimos justiça.

É Pela Vida das Mulheres!