Abong e ABM se unem em torno do MROSC para fortalecer a sociedade civil

‘A ideia é que a publicação seja disponibilizada para os mais de 2000 municípios ligados a ABM’, conta Mauri Cruz da Diretoria Executiva da Abong

Por Abong

A Associação Brasileira de ONGs (Abong) e a Associação Brasileira de Municípios (ABM), firmaram parceria para disponibilizar o “Guia MROSC para Gestoras/es Públicos” para todas/os as/os representantes dos municípios associados. “A ideia é que a publicação seja disponibilizada para os mais de 2000 municípios ligados a ABM”, conta Mauri Cruz da Diretoria Executiva da Abong.

O objetivo é fortalecer o MROSC (Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil) criado na Lei 13.019/2014.

Além da disponibilização do material, Mauri Cruz e Gilmar Dominici da ABM, decidiram realizar em dezembro deste ano uma Roda de Conversa com gestoras/es locais do município de São Leopoldo (RS), sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), mais especificamente o 17. A atividade acontecerá dentro do processo de preparação do Fórum Social das Resistências 2020.

Os ODS são uma agenda mundial adotada durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável em setembro de 2015 composta por 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 2030. São uma chamada universal para acabar com a pobreza, proteger o planeta e garantir que todas as pessoas desfrutem de paz e prosperidade.

O ODS 17 (Parcerias em Prol das Metas) visa reforçar a cooperação Norte-Sul e Sul-Sul, apoiando os planos nacionais para alcançar todos os objetivos. Promover o comércio internacional e ajudar os países em desenvolvimento a aumentar suas exportações, permitirão o alcance de um sistema de comércio universal de leis justas, aberto e benéfico a todas/os.

Foto: Comunicação da Prefeitura Municipal de São Leopoldo
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Abong abre inscrições para curso sobre gestão democrática e transparência

O curso é inteiramente on-line e acontecerá dos dias 24/09 a 26/11, com carga horária de 60 horas; inscrições abertas até 04/09

Por Lorena Alves

A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) convida para formação na modalidade a distância todas e todos as/os trabalhadores/as e militantes de organizações da sociedade civil, que atuam pela defesa de direitos e estejam interessadas/os em aprofundar os seus conhecimentos sobre Gestão Democrática e Transparência.

O curso acontecerá dos dias 24/09 a 26/11, com carga horária de 60 horas (em 9 semanas). Serão cinco unidades ministradas por Domingos Armani, sociólogo e mestre em Ciência Política (ambos pela UFRGS), com mais de 20 anos de experiência como consultor em processos de qualificação e fortalecimento das OSCs, no Brasil e no exterior.

Realizado pela Abong em parceria com suas associadas CAMP, CESE e CFEMEA e apoiado pela União Europeia através do Projeto denominado Sociedade Civil Construindo a Resistência Democrática, o objetivo do curso consiste em aportar conhecimentos e provocar reflexão crítica sobre o desenvolvimento institucional de organizações da sociedade civil para aprimorar a sua sustentabilidade e potencializar boas práticas de gestão e de participação social, no espaço público em que se encontram.

O resultado da seleção será informado até o dia 10/09, através de e-mail, para todas/os as/os inscritas/os.

Serviço

Curso: Gestão democrática e transparência em organizações da sociedade civil;

Inscrições: até 04/09;

Período: 24/09 a 26/11;

Modalidade: EAD – ensino a distância/online;

Carga horária60 horas (em 9 semanas), com média de 6 horas de estudo/atividade por semana;

Vagas60;

Perfil do Público: diretoras e diretores, às/aos militantes e às/aos profissionais de organizações da sociedade civil, que realizem a função de gestão, ou coordenação, em algum grau, seja de projetos ou da organização como um todo.

Inscreva-se: clique aqui. Para mais informações, acesse o convite oficial:

Download “Gestão-Democrática_Convite-EaD-1.docx” Gestão-Democrática_Convite-EaD-1.docx – Baixado 594 vezes – 2 MB

 

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Em encontro realizado entre 3 e 4 de julho, 25 entidades de 17 países analisaram conjuntura regional e aprovaram agenda de incidência

Abong passa a integrar Comitê de Coordenação de Articulação latinoamericana de organizações da sociedade civil

Em encontro realizado entre 3 e 4 de julho, 25 entidades de 17 países analisaram conjuntura regional e aprovaram agenda de incidência

Por Abong

Nos dias 3 e 4 de julho de 2019 em Lima, Peru, foi realizada a Assembleia Geral da Mesa de Articulacao das Plataformas e Redes Nacionais de OSC da América Latina e Caribe. As 25 diretoras de 17 países fizeram um balanço da conjuntura de cada país, com ênfase no contexto do Brasil, Venezuela, Bolivia, Nicarágua, Argentina, Colombia e Peru países com graves violações dos direitos humanos, criminalização e assassinatos de lideranças dos movimentos sociais mas, ao mesmo tempo, uma agenda de resistência e de busca de alternativas.

Ao final da Assembleia foi aprovada uma agenda de incidência na América Latina, contra o acordo EU-Mercosul, uma campanha pelos direitos humanos, ações contra as mineradoras e de exigência da implementação dos ODS nos territórios latinos. A MESA se coloca como interlocutora perante os organismos multilaterais na defesa de uma sociedade civil atuante, autônoma e democrática.

A Associação Brasileira de ONGs (Abong) foi escolhida para compor o Comitê de Coordenação da MESA junto com as plataformas do Peru, República Dominicana e a Rede de Mulheres Afrocaribenhas e Afrolatinoamericanas para o período de 2019-2022.

 

Foto: ANC – Associación Nacional de Centros.

Acesse mais fotos do evento em https://www.facebook.com/131737066939654/posts/2255603207886352/

 

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Oficinas começam amanhã, dia 16, e vão até sábado, 20 de julho; Abong organiza três painéis

4ª edição da Semana de Formação em Direitos Humanos e Educação Popular começa hoje, 16

Ainda há vagas para dezenas de oficinas que começam nesta terça, dia 16, e vão até sábado, 20 de julho; Abong organiza três painéis

Por Abong, com informações da Ação Educativa

É urgente contar e reafirmar histórias, no contexto em que falsas narrativas estão sendo criadas e disseminadas. Chegando a sua 4ª edição nesta próxima semana, a Semana de Formação em Direitos Humanos e Educação Popular, promovida pela Ação Educativa e parceiros, desde sua primeira edição, tem se comprometido em realizar reflexões coletivas sobre a conjuntura que vivemos, por meio de atividades formativas e culturais nos mais diversos temas, relacionados a direitos humanos.

De 16 a 20 de julho, acontecem cerca de 50 atividades realizadas com apoio do Centro Cultura Maria Antonia, que sediará algumas atividades, e organizações como a Abong, que organiza algumas das oficinas e debates.

As três atividades propostas pela Abong acontecem na tarde de terça, 16, bem como na manhã e na noite de quarta, 17, no prédio que sedia diversas entidades sociais, na rua General Jardim. Na tarde de terça, 16, das 14h30 às 16h, será realizada uma oficina prática sobre agroecologia, redes de consumo e PANCs, facilitada por agricultoras e agricultores ligados ao Movimento dos Trabalhadores Ruais Sem Terra (MST).

Na manhã de quarta, às 10h, um debate será centrado no tema do papel histórico da psicologia na construção de narrativas e na defesa da democracia, em uma discussão entre profissionais experientes na área. No período da noite, a partir das 19h, o tema que ocupa a mesa é Racismo e LGBTfobia, com testemunhos que exemplificam e inspiram a resistência, com a presença de militantes contando suas histórias vivas.

Histórico da Semana

Em 2016, frente a um cenário político de graves ameaças à luta por direitos e à ordem democrática no Brasil, a iniciativa concentrou esforços em analisar criticamente a conjuntura da época. Com os acelerados retrocessos em 2017, a segunda edição apostou nas formações como espaço para discutir as resistências. Já em 2018, além da análise crítica que sempre norteia as propostas, ofertamos para as/os participantes um espaço de ação e esperança. A proposta foi trazer atividades que trabalhassem práticas e experiências concretas e palpáveis, tendo em vista a sobrevivência no cenário adverso.

Em sua 4ª edição, a Semana de Formação aposta que é fundamental falar de memória e de narrativas. É necessário reivindicar nossa memória social e coletiva como matéria viva que forma e transforma a sociedade em busca de justiça social. É com base nesse resgate e nessas histórias que podemos anunciar, reinventar e viver o novo.

Inscrições

Serão mais de 50 atividades, ao longo de todos os períodos. Para participar, é necessário pagar uma taxa única (R$75,00), que permite a inscrição em todas as atividades. Como em todos os anos, haverá uma mesa de abertura – de caráter aberto, no salão nobre do Centro Universitário Maria Antonia/USP.

Serviço
4ª edição da Semana de Formação em Direitos Humanos e Educação Popular
Data: entre os dias 16 e 20 de julho
Taxa de inscrição: R$75,00 (pagamento via site – débito, crédito ou boleto)
Inscrições: www.centrodeformacao.acaoeducativa.org.br
Mais informações: (11) 3151-2333, ramal 177 | semanadeformacao@acaoeducativa.org.br

Oficinas organizadas pela Abong (clique para saber mais):

16/7, 14h30: Alimentação responsável – agroecologia, redes de consumo e PANCs
Com André Kenez, Ligia Monteiro, Lucca Pérez Pompeu, Maria Alves e Vitor Chaves

17/7, 10h: O papel histórico da psicologia na defesa da democracia e dos direitos humanos
Com Beatriz Brambilla e Rogerio Giannini; moderação: Rodrigo Toledo.

17/7, 19h: LGBTfobia e racismo – histórias de (r)existências
Com Cadu Oliveira, Carlos Henrique de Oliveira, Erika Hilton e Micaela Cyrino

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Não ao texto da PEC 06/2019, da Reforma da Previdência – ainda há como evitar!

Nota Pública da Abong sobre a proposta de previdência em votação na Câmara dos Deputados

 

Diante da possível conclusão da votação da proposta de emenda constitucional (PEC) nº 06/2019, sobre reforma da Previdência Social, na primeira casa legislativa neste sábado, a Abong manifesta-se veementemente contrária aos princípios presentes no texto apreciado pelas e pelos parlamentares, bem como aos pressupostos apresentados em seus primeiros votos.

A Câmara dos Deputados realizou uma primeira votação sobre o tema conduzida por motivações pouco coerentes com a finalidade e a serenidade necessárias para a alteração de um sistema tão vital para as vidas de milhões de brasileiras e brasileiros. Sem a devida publicização de dados e de estudo de impacto e diante de um senso de emergência alardeado sem números precisos, 379 de 513 parlamentares deram um primeiro “sim” precipitado a uma proposta que, se prosseguir como está, é um risco à integridade física de um país ainda marcado por profunda desigualdade e intensas vulnerabilidades.

Em sua Assembleia Geral, em março, a Abong já lamentava a possibilidade de essa proposta chegar ao Congresso. Suas associadas aprovaram moção contra a reforma da previdência encaminhada ao Congresso pelo Governo Bolsonaro, cujo texto já não mexia nos privilégios e sim aumentaria as desigualdades, com a mercantilização da previdência e a seguridade social que se vê no texto atual. Na moção, as associadas da Abong ressaltavam a defesa da previdência e da seguridade social “universal, solidária, inclusiva, pública, e redistributiva”.

Ainda há tempo de retomar os valores presentes na Constituição Federal de 1988 e candentes na reflexão social das organizações sociais do país. Ainda nas atividades relacionadas a sua Assembleia Geral, organizações presentes realizaram um debate em que reforçaram: a vida não é mercadoria; vivemos uma época em que o conflito “capital x trabalho” foi substituído pelo conflito “capital x vida”, onde a lógica do lucro e da acumulação de capital é inegociável com a preservação das vidas humanas – podemos ver isso em vários aspectos da sociedade, e principalmente nos efeitos às vidas as mulheres. Foi pactuada desde então a construção e o fortalecimento de uma Frente Ampla, que tem entre suas prioridades “o trabalho em pautas concretas na sociedade, como a luta contra a Reforma da Previdência”.

Reiteramos esse compromisso e ressoamos que centenas de entidades da sociedade civil representadas pela Abong são contrárias à aprovação, em segundo turno na Câmara dos Deputados, ou posteriormente pelo Senado Federal, de um texto estruturado como está.

 

Brasil, 12 de julho de 2019

Associação Brasileira de ONGs – Abong

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Trabalho infantil: entidades se manifestam contra declaração do presidente

Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e Cidade Escola Aprendiz, por meio do projeto Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil, publicam nota conjunta

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu o trabalho infantil durante uma live em sua página no Facebook na noite desta quinta-feira (4), afirmando que, quando criança, trabalhou em uma fazenda no interior paulista com os irmãos de oito, nove anos, e não teve nenhum prejuízo em função disso. “Não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar está cheio de gente aí (dizendo) ‘trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil’. Agora quando está fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada”, disse.

Em face dessas afirmações, a Cidade Escola Aprendiz, por meio do projeto Rede Peteca – Chega de Trabalho Infantil, e a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) gostariam de esclarecer que o conteúdo da fala, além de contar com uma série de equívocos, reverbera graves violações de direitos humanos e ilegalidades. Vai contra o que prega a Constituição brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil é signatário.

O trabalho infantil vitima 2,4 milhões de crianças e adolescentes no Brasil, tanto no campo quanto nas regiões urbanas. Nos últimos anos, vem crescendo em especial entre a população mais vulnerável, de 5 a 9 anos, mencionada pelo presidente. A escravidão e o tráfico, citados na fala, constam, segundo a Convenção 182 da OIT, na lista da 93 piores formas de trabalho infantil, na qual também estão incluídas a exploração sexual e a escravidão. Entre as consequências mais graves destas e de outras formas de trabalho precoce, além da completa violação física, moral e psicológica, estão a evasão escolar e a exposição a acidentes.

Defender o trabalho infantil, portanto, é defender esse tipo de violação, que compromete o desenvolvimento integral de crianças e a adolescentes brasileiros, aprofunda a pobreza, amplia a desigualdade e afasta o Brasil, cada vez mais, da Justiça, dos Direitos e do desenvolvimento socioeconômico.

Leia aqui nota de repúdio do Fórum Paulista de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI).

Leia também a Nota de Repúdio da Associação dos Magistrados de Justiça do Trabalho da 1ª Região (Amatra) aqui.

 

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Abong abre inscrições para curso sobre aplicação do marco regulatório de acesso a recursos públicos

O curso é inteiramente on-line e acontecerá dos dias 13/08 a 15/10, com carga horária de 60 horas; inscrições abertas até 10/07

Por Lorena Alves

A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) convida todas e todos as/os trabalhadores/as e militantes de organizações da sociedade civil e gestores/as públicos, que atuam pela defesa de direitos, para aprofundar os seus conhecimentos acerca do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) no curso a distância (on-line): Aplicação do Marco Regulatório de Acesso a Recursos Públicos – Lei Federal 13.019/2014.

O curso acontecerá dos dias 13/08 a 15/10, com carga horária de 60 horas. Serão abordados os temas: Relevância das OSCs; Lei 13.019/2014 – Normas Gerais, Princípios e Diretrizes; Lei 13.019/2014 – Celebração das Parcerias; Lei 13.019/2014 – Execução das Parcerias; Lei 13.019/2014 – Prestação de Contas; Lei 13.019/2017 – Implementação nos Estados e Municípios; Consolidação da Plataforma MROSC. As inscrições terminam às 23h59 do dia 10/07.

Realizado pela Abong em parceria com suas associadas CAMP, CESE e CFEMEA e apoiado pela União Europeia através do Projeto denominado Sociedade Civil Construindo a Resistência Democrática, o objetivo do curso é contribuir para o processo de leitura e interpretação da Lei, sugerindo e orientando os melhores caminhos para sua aplicação no sentido da ampliação dos direitos que nela estão expressos.

A aprovação da Lei Federal 13.019 pelo Congresso Nacional e sua sanção pela presidenta Dilma em 31 de julho de 2014 é uma conquista da sociedade civil brasileira devido ao reconhecimento, pelo estado brasileiro, do papel que as organizações da sociedade civil (OSC) cumpriram e cumprem na implementação e consolidação da democracia no país. Este novo marco legal tendo iniciado sua vigência em 2016 em âmbito federal e estadual e, em 2017, em âmbito municipal, ainda necessita de um longo caminho para sua consolidação. Isto porque, as normas legais, sempre sofrem a disputa de sua interpretação e aplicabilidade. E é nesse sentido que o curso visa auxiliar de forma prioritária na consolidação do olhar da sociedade civil em sua implementação.

Serviço

Curso: aplicação do Marco Regulatório de Acesso a Recursos Públicos – Lei Federal 13.019/2014

Inscrições: até 10/07

Período: de 13/08 a 15/10

Modalidade: EAD – ensino a distância/online

Carga horária: 60 horas (em 9 semanas), com média de 6 horas de estudo/atividade por semana.

Vagas: 60

Perfil do Público: trabalhadores/as e militantes de organizações da sociedade civil e gestores/as públicos, que atuam pela defesa de direitos e estejam interessadas/os em aprofundar os seus conhecimentos acerca do Marco Regulatório das OSCs, em especial, da Lei 13019/16.

Para se inscrever, clique aqui. Para mais informações, acesse o convite oficial:

Download “MROSC_Convite-EaD.docx” MROSC_Convite-EaD.docx – Baixado 1270 vezes – 5 MB

 

 

 

 

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Sem participação social, não há democracia

Por Mauri Cruz(*)

A ideia da cidadania ativa é aquela que não se restringe ao voto nos anos de eleições. O voto não é um cheque em branco para que os eleitos, para que a partir da legitimidade conquistada, façam o que bem entenderem. Por isso, a participação cotidiana nos espaços de gestão das políticas públicas é uma prática essencial, desejável e que deve ser estimulada por qualquer governo que se pretenda minimamente democrático.

Foto: Alan Santos/PR

A Constituição Brasileira consagrou o princípio da participação social em seu artigo primeiro quando diz que “todo poder emana do povo que o exerce por meio de seus representantes ou diretamente.” Os representantes do povo, além do presidente, governadores, prefeitos, senadores, deputados federais e estaduais, também são as conselheiras e conselheiros eleitas/os para os conselhos de saúde, de educação, da criança e do adolescente, dos idosos, dos direitos humanos, das cidades, da assistência social, da saúde para os povos indígenas, das políticas para as mulheres, das políticas pela igualdade racial, da pessoa com deficiência, da segurança alimentar e nutricional, de alimentação escolar, do monitoramento da população em situação de rua, de trânsito, dentre tantos outros. A participação das organizações e movimentos sociais nestes espaços de definição, gestão e fiscalização das políticas públicas é um princípio básico das democracias porque contribui de forma inegável para a melhor aplicação dos recursos públicos em favor da cidadania.

É inegável que a participação social promove maior transparência nas decisões dos governantes, dá visibilidade para suas ações e permite controle sobre a aplicação dos recursos públicos. É um poderoso instrumento de combate a corrupção política e ao sucesso de lobbys individuais. É com base na participação social que os governantes tem acesso direto as demandas dos vários segmentos da sociedade aproximando as decisões das autoridades públicas dos reais interesses da cidadania que lhes delegou o poder pelo voto.

Os organismos internacionais que tratam do tema da democracia são pródigos em reforçar que o grau de informação da cidadania sobre ações de seus governos é uma comprovação de transparência e de controle contra a corrupção. Na contramão desta prática, quando os governos não o fazem é uma forma de esconder os reais interesses daqueles que estão, temporariamente, a frente da gestão dos interesses públicos. Por sua vez, os governos que rechaçam a participação autônoma da cidadania nos espaços de gestão das políticas públicas são considerados governos autoritários e antidemocráticos.

É com esta régua que devemos analisar a decisão do Governo Jair Bolsonaro quando decreta o fim de todos os conselhos e fóruns intergovernamentais que tenham participação da sociedade civil no âmbito do Governo Federal. O Decreto 9759/2019 pretende extinguir de uma vez qualquer espaço que funcione de forma colegiada, mesmo eventuais grupos de trabalho interministeriais que existem para juntar as pontas entre as políticas e projetos do próprio governo. A medida pretende extinguir, há meu ver de forma ilegal, inclusive aqueles conselhos criados por Lei e que não tenham seu papel e composição expressas na norma legal.

Esta medida atinge 35 conselhos nacionais de direitos, entre eles, o Conselho Nacional das Cidades que tem em sua composição os vários órgãos do próprio Governo Federal, representantes dos governos estaduais e municipais, representantes dos setores empresariais e representantes das organizações e movimentos sociais dos serviços públicos urbanos. Para se ter uma ideia, no âmbito do Conselho das Cidades foram concebido os Planos Diretores Urbanos Participativos, o Programa Minha Casa Minha Vida, os Programas Nacionais de Saneamento Básico e várias medidas ligadas a qualificação dos transportes públicos.

Não é preciso buscar argumentos muito profundos para compreender que esta medida se opõe a ideia de uma democracia efetiva. Afasta a sociedade do controle das ações governamentais de forma autoritária buscando reduzir a transparência na gestão do Governo Jair Bolsonaro. São traços de uma visão autoritária que vê a sociedade como inimiga, e que não se vê como servidor público que deve ser fiscalizado pelo/a eleitor/a.

Devemos nos perguntar: se o interesse do Governo Jair Bolsonaro era o bem do Brasil e do povo brasileiro porque tanto medo da participação social? Haveriam interesses escusos e impublicáveis a mobilizar este governo a ponto dele pretender esconder suas decisões do conhecimento da população?

Certo é que a cidadania brasileira que lutou e derrotou uma ditadura militar instalada há 21 anos e que depois construiu importantes espaços de participação social não irá se intimidar com essas medidas que pretendem afastá-la dos espaços de poder sobre as políticas públicas. Seja pressionando o Congresso Nacional para que derrube este decreto ou mesmo nas ruas, o Governo Jair Bolsonaro terá que dialogar tanto com a parcela da sociedade brasileira que o elegeu quanto com aquela que foi contra seu projeto. Isto porque sabemos que não há saídas para a democracia sem a participação popular. E não abriremos mão de nossa democracia.

(*) Advogado socioambiental, especialista em direitos humanos, membro do Conselho Diretor do IDhES, do Camp e da Diretoria Executiva da Abong.

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Moção contra o fechamento dos Conselhos e Comissões

Por Abong

A Assembleia Geral da Abong, reunida nos dias 27 e 28 de março de 2019, na cidade de São Paulo, aprovou moção contra a limitação, congelamento e extinção dos conselhos e órgãos colegiados de políticas públicas federais que possuem participação da sociedade civil.

Publicado no último dia 11 de abril, o Decreto 9759/2019, extingue e limita a criação de órgãos colegiados no Governo Federal atingindo tanto aqueles com participação da sociedade civil e os estritamente de governo, como é o caso dos GTs interministeriais.

Segundo a Constituição Federal de 1988, todo poder emana do povo – que o exerce por meio de seus representantes ou diretamente. A participação autônoma das organizações e movimentos sociais nos conselhos de políticas públicas é a melhor forma da sociedade civil envolver-se na definição dessas políticas, definir prioridades e fiscalizar a atuação do Governo Federal.

O encerramento ou congelamento desses órgãos e conselhos de políticas públicas é uma medida antidemocrática e que irá impactar a sociedade por conta da falta de transparência na aplicação dos recursos públicos. As principais políticas afetadas são as de direitos humanos, igualdade racial, indígena, rural, cidades, LGBT+ e meio ambiente.

Para revogar essa medida, a Abong irá acionar a Frente Parlamentar Mista pela Democracia e Direitos Humanos.

Essa Frente, composta por mais de 50 organizações, atua junto com parlamentares da nova legislatura para barrar retrocessos sociais e por “uma sociedade plural, ativa e diversa (…) na luta pela ampliação de direitos”, como diz o documento de criação da Frente.

Para saber quais conselhos e comissões foram extintas, acesse: https://bit.ly/2Gj0LAI

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Abong realiza II Seminário Nacional; confira programação

Acompanhe a cobertura do evento na íntegra nas nossas redes sociais

Por Abong

A Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns realiza seu II Seminário Nacional nos dias 26 e 27 de março. O evento terá como tema central a “Agenda das resistências e as alternativas para o Brasil” e reunirá as associadas, movimentos sociais e outros atores da sociedade civil brasileira e mundial para refletir sobre o papel das OSCs na atual conjuntura, sua contribuição na resistência e na apresentação de alternativas para o Brasil.

Essas e outras informações estão disponíveis no site feito para o Seminário.

Confira a programação completa:

DIA 26 

8h30 | Credenciamento

9h | Abertura do Seminário

9h30 | Mesa – 1

Frente ampla em defesa da democracia dos direitos e bens comuns

Benilda Brito – Marcha das Mulheres Negras
Heliana Hemetério – Rede de Mulheres Negras
Carmem Silva – Articulação de Mulheres do Brasil
Nalu Farias – Marcha Mundial das Mulheres
Romi Bencke – Conselho Nacional de Igrejas
Salete Carollo – Movimento dos Sem Terra
Sônia Guajajara – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Symmy Larrat – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Intersexos
Mediadora: Iara Pietricovsky – Abong / Forus / INESC

14h | Lançamento

Cartilha“Novos Paradigmas para Outro Mundo Possível”
Livro“Novo Paradigmas para Outro Mundo Possível”

15h | Debate:

Estratégias e Medidas Práticas para Enfrentar a Nova Conjuntura

Mediador: Mauri Cruz – Abong / CAMP

20h | Sarau cultural

Local: Terraço do Instituto Pólis(R. Araújo, 124 – em frente ao hotel)

DIA 27

9h | Abertura das atividades

9h30 | Mesa – 2

Articulações internacionais na defesa da democracia

Gilberto Leal – Coordenação Nacional de Entidades Negras
Gonzalo Berron – Fundação Friedrich Ebert
Hamouda Soubhi – Alternatives/Fórum Social Mundial
Iara Pietricovsky – FORUS
Sandra Gallo – Consejo de Educación Popular de America Latina y el Caribe
Rosa Sueiro Cabredo – MESA
Boaventura Monjane – ex-UNAC e Via Campesina
Mediadora: Eleutéria Amora da Silva – Abong/CAMTRA

12h | Encerramento

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Acompanhe a cobertura do evento na íntegra nas nossas redes sociais: YouTube , Facebook e Instagram (@abong_osc).

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