Pesquisa Nós e as Desigualdades 2022

Os dados da nossa pesquisa Nós e as Desigualdades 2022, realizada em parceria com o Instituto Datafolha, mostram que a sociedade brasileira tem uma percepção consolidada das desigualdades no país e defende uma ação prioritária do Estado para a redução da distância entre os mais ricos e os mais pobres.

Nosso objetivo com este relatório é contribuir para o debate público sobre a necessidade de reduzirmos as desigualdades no país. Conhecer o que a população brasileira tem a dizer sobre o assunto é fundamental para buscarmos, juntas e juntos, um país mais justo e menos desigual.

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Agenda Marielle Franco 2022

Está no ar a Agenda Marielle Franco 2022, um conjunto de práticas e compromissos políticos antirracistas, feministas, LGBTQIA+ e populares, inspiradas no legado de Marielle e construída com o apoio de mais de 100 organizações, para as candidaturas dessas eleições.

Se você tem uma candidatura, se comprometa com a Agenda!

Se você é eleitor(a) ou uma organização, se inscreva para defender a Agenda!

 

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Eleições Melhores

Já não é novidade: estamos passando pela maior crise da democracia brasileira dos últimos 30 anos, o que faz das eleições de 2022 uma das mais importantes de nossa história. Nesse cenário, ter um bom processo eleitoral é fundamental para renovar ideias e reafirmar o compromisso da sociedade com valores e princípios democráticos. Assim, o Pacto pela Democracia lança a terceira edição da PLATAFORMA ELEIÇÕES MELHORES, um mapa de iniciativas, projetos e organizações que estão trabalhando pela qualificação do processo eleitoral, um quadro de como a sociedade civil organizada brasileira segue viva, criativa e pulsante, mesmo em meio a tantos desafios.

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A democracia aceita os termos e condições?

Eleições 2022 e a política com os algoritmos

 

Em junho de 2021, um pai e uma filha debatem sobre as condutas do presidente brasileiro. A filha argumenta que o apoio a Jair Bolsonaro diminuiria fortemente após a confirmação de que o governo ignorou 81 e-mails da Pfizer com ofertas de vacinas para a Covid-19, informação divulgada quando as mortes na pandemia no país chegavam a 400.000. O pai responde desacreditando os fatos sobre as negativas as vacinas, afirma que no momento tudo que acontecia no Brasil era considerado culpa do chefe de Estado e que a imprensa não noticiava as ações positivas do governo. Como exemplo, ele cita o grande número de estradas construídas e reformadas por Jair Bolsonaro e mostra um vídeo. O mesmo vídeo circula em uma outra família em um grupo de Whatsapp, com o mesmo propósito de mostrar o que a “Globo não mostra”, expressão usada em memes políticos para reforçar a tese de que a grande imprensa persegue o governo vigente no Brasil.

O culto as estradas dos bolsonaristas é uma das narrativas eficientes que mantém mobilizados os apoiadores nas redes sociais. São imagens e relatos compartilhados no Whatsapp e Telegram e vídeos no Youtube mostrando o presidente trabalhando, embora a agência Aos Fatos tenha divulgado um estudo que afirma que 54% das ações comemoradas por Bolsonaro sobre as estradas no Twitter são legados de outros governos.

Os quase quatro anos de mandato de Jair Bolsonaro e os muitos estudos sobre a algoritmização da vida não fazem com que as eleições de 2022 sejam disputadas com grandes vantagens de um aprendizado sobre essa nova forma de se fazer política.

Faltando 70 dias para a eleição, talvez bem menos quando você encontrar este texto, essa história de desavença familiar passe longe da gravidade dos últimos acontecimentos, como o encontro (em 18 de julho) com embaixadores, convocado pelo presidente, que reafirmou, dessa vez para uma plateia internacional de alto escalão, desacreditar no sistema eleitoral brasileiro, sem mais uma vez apresentar provas. E o assassinato do guarda municipal petista Marcelo Arruda em sua festa de aniversário, cometido por um bolsonarista indignado com a temática da comemoração, o candidato Lula. Todos esses casos têm conexões com o cenário político em que está em jogo a democracia do Brasil e fazem parte elementos como negacionismo, desinformação, descrédito a imprensa e violência política.   

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Quilombo Nos Parlamentos

Em breve enfrentaremos uma das eleições mais importantes da história do Brasil. No país onde a maioria é classificada como minoria, o Legislativo não representa a maior parte da população brasileira.

Mas a nossa articulação pode mudar essa realidade. Podemos transformar o Congresso Nacional em um reflexo do Brasil real nas eleições através do Quilombo nos Parlamentos com as mais de 100 candidaturas comprometidas com a agenda da Coalizão Negra Por Direitos.

Contando com a parceria e com o engajamento de vocês, disponibilizamos todas as informações necessárias para que suas organizações possam contribuir na divulgação dessa mobilização. Acesse Aqui

Para saber mais sobre o projeto, acesse 👉🏾 quilombonosparlamentos.com.br

Venha fazer história com a gente! Venha construir Palmares de novo.

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No Dia Internacional da Democracia, Sociedade Civil pede apoio à Comunidade Internacional e alerta sobre ameaça ao Estado Democrático de Direito no Brasil

O Grupo de Trabalho da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 (GT Agenda 2030)[1] – coalizão brasileira que monitora a implementação dos compromissos nacionais no campo do desenvolvimento sustentável – junto com outros coletivos, redes, articulações e organizações da sociedade civil brasileira, compôs uma carta dirigida à comunidade internacional alertando sobre a grave situação de ameaça à democracia em curso no Brasil, que se intensifica com a proximidade das eleições em outubro. As organizações pedem maior atenção às ameaças ao processo eleitoral que tem um pedido específico: que estas instituições e governos sejam vocais e demonstrem, de forma concreta, que estão atentas e acompanhando a situação nacional.

Em preparação ao lançamento da carta de Alerta, na última semana de agosto, representantes do GT Agenda 2030 realizaram em Genebra mais de 30 reuniões bilaterais com países-membros das Organizações das Nações Unidas, denunciando os sucessivos ataques do Governo Federal e de seus aliados/as no Congresso Nacional aos direitos humanos, a ativistas que os defendem e às instituições democráticas. “Apesar de todas as missões com as quais conversamos demonstrarem que estão atentas – muitas das quais acompanharam as denúncias apresentadas no relatório do Coletivo RPU Brasil durante a pré-sessão da Revisão Periódica Universal do país, no Conselho de Direitos Humanos da ONU –, todas ficaram surpresas com o nível da tragédia que pudemos detalhar nesses encontros”, diz Alessandra Nilo, coordenadora geral da Gestos e co-facilitadora do GTA2030.

A carta evidencia ainda a preocupação com contexto nacional de desalinhamento do país dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).  “O ODS16, por exemplo, que visa promover sociedades pacíficas e inclusivas, proporcionar o acesso à justiça e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis, tem dez das suas 12 metas em retrocesso, uma estagnada e outra ameaçada”, denuncia.  Estes dados estão no Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030, produzido pelo GTA2030 e construído por 101 peritos/as das áreas ambiental, social e econômica. Eles mostram um país cujas políticas, ações e sistemas de monitoramento estão interrompidos; onde orçamentos essenciais foram reduzidos ou esvaziados; e no qual os espaços de participação popular foram eliminados[2].

No dia Internacional da Democracia, 15 de setembro, a carta, que já conta com mais de 160 assinaturas de organizações, será encaminhada a representantes de diversos países, que estavam presentes no encontro em Genebra. “É de fundamental importância que a sociedade civil brasileira possa se articular para cobrar da comunidade internacional uma enérgica resposta aos ataques sofridos pela democracia brasileira no contexto eleitoral, resultantes não apenas no aumento da instabilidade e da insegurança, como na aceleração do processo de erosão dos espaços cívicos no Brasil”, salienta Pedro Bocca, Assessor de incidência internacional da Abong – Associação Brasileira de ONGs.

O texto, assim, pede especificamente que a comunidade internacional se manifeste publicamente, enfatizando a importância ao Estado Democrático de Direito no Brasil e reforçando o desejo, que é o de todas as organizações que assinam a carta, de que estas eleições sejam seguras para todas as pessoas, ocorram sem mais violências e que o seu resultado seja aplaudido por todos os grupos participantes da disputa.

Confira a carta, na íntegra aqui

[1] www.gtagenda2030.org.br

[2] Acesse aqui o Relatório Luz 2022 em português e sua versão-síntese em inglês: www. https://gtagenda2030.org.br/relatorio-luz/relatorio-luz-2022/

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SEM SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E FORTALECIDA, NÃO HÁ DEMOCRACIA!

Assegurar a existência de um espaço cívico seguro é responsabilidade do Estado de Direito 

A Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais – Abong, associação civil sem fins lucrativos, democrática, pluralista, antirracista, anti-lgbtfóbica, antissexista, que congrega organizações que lutam contra todas as formas de discriminação, de desigualdades, pela construção de modos sustentáveis de vida e pela radicalização da democracia, que defendem os direitos humanos, os bens comuns e uma sociedade civil viva, vem a público trazer seu posicionamento diante do duro cenário que enfrentamos no Brasil, compreendendo que é necessário ter nitidez na leitura da realidade e pragmatismo para interpretar nossa conjuntura em 2022: não vivemos tempos normais!

Desde a redemocratização do país, em 1985, diversos setores da sociedade vêm trabalhando arduamente para estabelecer e consolidar a democracia e isso só foi possível – parcialmente – graças ao compromisso da sociedade civil organizada. Contudo, os avanços sociais e econômicos e o fortalecimento da democracia que alcançamos têm sido atacados e destruídos por meio de uma agenda ultraneoliberal, conservadora e fundamentalista, imposta desde o golpe de 2016 que depôs a presidenta Dilma Rousseff.

Em 2018, Jair Bolsonaro foi eleito com um programa de aprofundamento dessa mesma agenda neoliberal, com diminuição dos investimentos públicos na área social, desindustrialização, desvalorização de nossa moeda, privatizações de setores estratégicos etc., agenda política esta que somos radicalmente contra. Nós defendemos a atuação do Estado como um agente de transformação social por meio de investimentos públicos e aberto à participação das organizações da sociedade civil (OSCs) na construção de uma sociedade mais justa e igualitária, no combate à fome e às desigualdades, atuação essencial sobretudo diante dos graves  efeitos da pandemia e da crise econômica. Ao contrário disso, temos um Governo Federal que potencializa esses efeitos com uma gestão irresponsável e genocida.

Para além das posições políticas antagônicas citadas acima, existe ainda uma divergência a mais, esta que faz o atual governo ultrapassar a fronteira da civilidade e impossibilita qualquer tipo de diálogo: os ataques sistemáticos à democracia, a suas instituições e processos que a envolvem. Desde o início de seu governo, ações foram tomadas para eliminar a participação popular e o controle social das políticas públicas, com dramática redução dos níveis de transparência e fechamento dos espaços cívicos e participativos (tais como conselhos e conferências). Logo em seguida ao ato de sua posse, Bolsonaro discursou atacando as OSCs e, durante seus quatro anos de governo, continuou não só com ataques sistemáticos como também utilizando-se de estratégias burocráticas para criminalizar as organizações, como pode ser visto no documento elaborado pela Abong intitulado “Relatório de criminalização das OSCs no governo Bolsonaro”. São também quatro anos de violências contra as mulheres, as/os negras/os, a população LGBTQIA+, os povos indígenas, quilombolas, originários e ribeirinhos etc.

A partir do momento que vivemos, é necessário que nos posicionemos radicalmente em favor da candidatura que pode derrotar Bolsonaro nas urnas, bem como todos os retrocessos e ideais antidemocráticos que ele representa. Assim, acreditamos que a única plataforma capaz de impor essa derrota é o movimento de frente ampla que vem sendo construído coletivamente em torno da candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Não obstante, tornamos públicas também nossas considerações e agendas políticas ao candidato, solicitando o compromisso do seu plano de governo em:  

  • Defender a democracia e as instituições dela derivadas, opondo-se a posturas autocráticas, arbitrárias, conservadoras e fundamentalistas no nível nacional e estadual; garantir a transparência, a participação e a distribuição democrática do orçamento público da União e do Estado; criar e fortalecer conselhos de direitos e demais espaços de participação popular; criar um conselho junto à sociedade civil para contribuir para a restauração da paz e da democracia, visando também a diminuição das violências políticas;
  • Estabelecer e/ou fortalecer a existência das OSCs como parte da democracia, fomentando uma ambiência social e institucional permeável à crítica e à participação da sociedade nas definições sobre suas vidas, bem como interlocução sistemática com as OSCs, com vista à colaboração mútua entre o governo e as OSCs; atuar no enfrentamento à criminalização e subfinanciamento vivido pelas OSCs que defendem direitos e bens comuns ao longo dos anos, construindo e fortalecendo ações com foco na sustentabilidade política e financeira das OSCs; criar um fundo público para as OSCs que atuam na defesa de direitos e democracia; elaborar e incentivar editais públicos destinados às OSCs, contribuindo para que se assegure a impessoalidade, transparência e credibilidade do processo, como estratégia de democratização dos fundos públicos; avançar na implementação e efetividade do Marco Regulatório da Sociedade Civil (MROSC) em todos os níveis federativos;
  • Priorizar programas e ações de combate à fome e à miséria; fortalecer as políticas e conselhos voltados a essa temática, como o Conselho de Segurança Alimentar (Consea), Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); fortalecer e incentivar a agricultura familiar e a agroecologia, favorecendo alimentos sem veneno; assumir o compromisso de realização da reforma agrária;
  • Atuar na defesa intransigente dos direitos humanos, no enfrentamento ao racismo, ao sexismo e ao capacitismo, se  posicionando pela consolidação dos direitos de populações em maior vulnerabilidade e risco social, como as pessoas LGBTQIA+, pessoas negras, indígenas, população em situação de rua, mulheres, pessoas em situação de cárcere, população rural, juventudes e PCDs; construir projetos de lei e fiscalizar o poder público na implementação de políticas de ampliação desses direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais (DHESCA) e combate às violações; 
  • Assumir o compromisso com a luta em defesa da vida de defensoras/es dos direitos humanos, buscando mecanismos legais para proteção e preservação de suas vidas no exercício do seu trabalho e militância em seus territórios;
  • Fortalecer um Estado efetivamente laico, com ações concretas de combate ao racismo religioso e criação de mecanismos institucionais de prevenção e controle para evitar o desvirtuamento das funções públicas por razões de convicção religiosa das autoridades públicas;
  • Assumir o compromisso com a revogação da Emenda Constitucional 95, que congela os gastos públicos e compromete a garantia dos direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais;
  • Assumir o compromisso com a revogação da Reforma Trabalhista, que aumentou a precarização do trabalho jogando grande parte da classe trabalhadora para a informalidade, além de aumentar a carga e a jornada de trabalho, desmantelando os avanços sociais históricos firmados na CLT;
  • Assumir o compromisso com a preservação da Amazônia e dos demais biomas brasileiros, bem como trabalhar de forma favorável aos povos indígenas, quilombolas, originários, populações ribeirinhas etc., contra o Marco Temporal e pela demarcação e proteção de terras indígenas e quilombolas;
  • Atuar na defesa, manutenção e ampliação das políticas de cotas raciais e sociais nas universidades e no mercado de trabalho, sobretudo no que diz respeito a editais e a concursos públicos;
  • Criar políticas públicas antiproibicionistas e de descriminalização do uso de drogas, atreladas à elaboração participativa de políticas que compreendam a segurança pública como parte dos direitos humanos; acabar com a política de guerra às drogas, responsável pelo encarceramento em massa da população negra, pobre e periférica; criar um pacto junto aos estados pelo compromisso de erradicação da violência policial, sobretudo nos territórios mais vulnerabilizados;
  • Estabelecer um quadro de paridade racial e de gênero no corpo técnico dos ministérios e inclusão de outros públicos sub-representados como LGBTQIA+, pessoas com deficiência etc.

No mais, a Abong afirma que seguirá cumprindo seu papel na defesa da democracia e no monitoramento das ações do Estado, para que esse atue efetivamente na ampliação de políticas sociais e ambientais e pela promoção de uma sociedade mais justa e igualitária, com vida digna para todas as pessoas. 

Conselho Diretor da Abong 

Brasil, 15 de setembro de 2022

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Manifesto Em Defesa Das Eleições

O Pacto pela Democracia, coalizão composta por 200 organizações da sociedade civil brasileira, vem a público manifestar o seu compromisso com a defesa da integridade do processo eleitoral e conclamar as instituições políticas e de Estado a se juntarem, de forma assertiva, nessa nobre missão. Em menos de cinco meses teremos eleições gerais no Brasil, as mais desafiadoras da nossa história recente, em função dos sistemáticos e infundados ataques do presidente da República, Jair Bolsonaro, e de seus apoiadores ao processo e às instituições eleitorais.

O processo eleitoral brasileiro é respeitado em todo o mundo e conta com um sistema de verificação atenta de observadores internacionais e nacionais, além do Ministério Público Eleitoral, sob a presidência dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Destaca-se ainda que o sistema eletrônico de votação é utilizado em mais de quarenta outras nações para a realização de diversos tipos de eleições. Nunca, na história de nosso país, esse sistema apresentou qualquer indício de problema que comprometa a sua confiabilidade. Em complemento, reconhecemos e saudamos os amplos esforços promovidos pelo TSE para dar ainda mais transparência e participação social ao processo preparatório das eleições.

Descredibilizar e enfraquecer o processo eleitoral interessa apenas àqueles que não têm compromisso com a expressão da vontade popular, definida através do voto, base do nosso sistema democrático. As declarações que sugerem a não realização do pleito eleitoral e a apuração paralela de votos por quaisquer outras entidades, que não aquelas ligadas à Justiça Eleitoral, extrapolam toda a normativa em vigor e são inadmissíveis em um Estado Democrático de Direito. A sugestão de que isso seja feito pelas Forças Armadas, parte da burocracia estatal, responsiva ao poder Executivo, cujas atribuições são alheias a este exercício cívico, representa uma grave ameaça à nossa democracia.

Repudiamos, por isto, com absoluta veemência, discursos antidemocráticos, que enaltecem ideias de cunho autoritário, assim como qualquer espécie de obstrução ao trabalho das instituições responsáveis pelo processo eleitoral. Quem defende o cerceamento da atuação de instituições democráticas, como o TSE e o STF, desrespeita a Constituição, o Estado Democrático de Direito e age na contramão dos interesses da sociedade.

Conclamamos o Congresso Nacional e o Ministério Público, em especial a Procuradoria-Geral da República, a se posicionarem em defesa da ordem jurídica e do regime democrático. Esse foi o compromisso assumido por cada parlamentar, promotor e procurador do Estado brasileiro quando de sua posse. Conclamamos também a imprensa e os mais diversos setores da sociedade civil a trabalharem pela realização de eleições livres, íntegras e pacíficas, com a garantia de que o resultado das urnas seja devidamente respeitado.

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ONGs denunciam na ONU violência política e fake news na eleição no Brasil

Um grupo de organizações da sociedade civil brasileira denunciou nesta quarta-feira, diante do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, ataques ao sistema eleitoral no Brasil. Também pediram para os gigantes digitais combaterem fake news em suas plataformas sobre a votação eletrônica no país.

Em pronunciamento lido por Camila Asano, de Conectas, as ONGs denunciaram que a democracia e o sistema eleitoral no país “estão sob grande ataque”. “Vivemos numa situação sem precedentes na história democrática do Brasil.”

Exemplificam com ataques de autoridades contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) questionando o sistema de votação “sem evidência, através de desinformação”.

Também mencionaram que a violência política, que já aconteceu na última eleição, está ainda pior agora. As entidades destacaram que decreto do governo aumentou a circulação de armas e que isso é amplamente responsável pela violência, propagando temores entre a população.

As ONGs lembraram que a eleição presidencial será em três semanas e pediram ao Conselho e ao Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU para reforçar a importância do respeito das instituições democráticas no Brasil, especialmente seu sistema eleitoral. Também conclamaram as companhias digitais, em referência a Facebook, YouTube, Twitter e outros, a combater fake news sobre o sistema eleitoral em suas plataformas. E pediram ao governo brasileiro para garantir um ambiente seguro que inclua o controle efetivo de armas e proteção de políticos de grupos minoritários.

A participação das ONGs no Conselho de Direitos Humanos faz parte de uma articulação pela Europa para denunciar “violência política e ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral”, com passagens por Alemanha, Portugal, Bélgica, Espanha, Suíça, França e Itália. “É fundamental que a comunidade internacional expresse seu apoio pela democracia brasileira e sua confiança no sistema eleitoral brasileiro, que tem sido alvo de ataques infundados”, afirmou Paulo Lugon, assessor internacional da Comissão Arns.

“Uma das reivindicações das organizações aqui presentes é que a comunidade internacional também defenda a adoção constante de medidas contra o racismo sistêmico para a construção de um Brasil realmente democrático e com eleições seguras para candidaturas negras”, acrescentou Sara Branco, coordenadora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), entidade que faz parte da Coalizão Negra por Direitos.

De seu lado, Keila Simpson, diretora executiva da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong) e presidenta da ABGLT, afirmou: “Precisamos garantir a democracia no Brasil, para que o país tenha condições de se tornar um exemplo de defesa dos direitos humanos, os direitos LGBTQI+, o meio ambiente e os direitos fundamentais que passam diretamente pela garantia de uma democracia plena.”

Pedro Paulo Bocca, assessor internacional da Abong, também destacou a importância de a comunidade internacional “se engajar na defesa mais ampla da democracia no Brasil, para além do voto”.

“O mundo precisa saber que há graves violações de direitos humanos no Brasil e, se não bastasse isso, agora vivemos uma real ameaça à democracia com as eleições tomadas de ódio, violência política e com alta possibilidade de o Presidente Bolsonaro não aceitar o resultado das urnas”, disse Darci Frigo, Coordenador Executivo da organização de direitos humanos Terra de Direitos.

Antonio Neto, pesquisador da Justiça Global, observou que o período eleitoral brasileiro é sempre marcado por episódios de violência politica, mas “vivemos um momento especialmente difícil” e “o discurso violento do atual presidente tem contribuído para o acirramento da violência difusa”.

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Relatório Criminalização Burocrática: estratégias político-jurídicas, neoliberalismo e a atuação das OSCs

“Relatório Criminalização Burocrática: estratégias político-jurídicas, neoliberalismo e a atuação das OSCs”

Conheça o estudo realizado pela Abong sobre este tipo de ataque à Sociedade Civil que visa dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos ou mesmo gerar questionamentos sobre parcerias.

Você sabe como a Criminalização Burocrática afeta as OSCs?

Confira o “Relatório Criminalização Burocrática: estratégias político-jurídicas, neoliberalismo e a atuação das OSCs” realizado pela Abong e saiba mais sobre este tipo de ataque à Sociedade Civil.

 

Confira os resultados do estudo realizado pela Abong sobre os jogos burocráticos e administrativos contra indivíduos, organizações e movimentos sociais que visam dificultar a captação de recursos, impor pagamentos indevidos ou mesmo gerar questionamentos sobre parcerias.

A Sociedade Civil atua na defesa dos direitos humanos, dos direitos de grupos historicamente em processo de exclusão. Além disso, as OSCs cumprem um papel relevante na formulação, monitoramento e avaliação das políticas públicas e na defesa das liberdades. O processo de Criminalização Burocrática das OSCs coloca em risco a atuação da radicalização democrática.


Lançamento Nacional do Relatório de Criminalização Burocrática das OSCs 📣

Você sabia que as Fake News estão ajudando a destruir a Floresta Amazônica?

Notícias falsas, difamação e criminalização burocrática ameaçam a vida e o trabalho de ativistas, organizações da sociedade civil, iniciativas de proteção e preservação da vida e do ecossistema.

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