II Seminário Nacional da Abong: solidariedade, companheirismo e resistência
Abong reúne dezenas de OSCs e movimentos sociais no II Seminário Nacional e na sua Assembleia Geral. A Associação aprova suas diretrizes estratégicas, fortalece as articulações nacionais e internacionais e elege novo Conselho Diretor para o triênio 2019‐2022
Por Abong
Nos dias 26 a 28 de março, a Abong – Organizações em Defesa dos Direitos e Bens Comuns realizou seu II Seminário Nacional e sua Assembleia Geral, em São Paulo, onde reuniu dezenas de organizações e movimentos sociais do campo da defesa dos direitos e dos bens comuns para discutirem o atual contexto do capitalismo mundial, as agendas e causas da resistência e da afirmação de um outro mundo possível e necessário, a importância dos protagonismos das mulheres, das mulheres negras, dos povos indígenas, das comunidades LGBTQI+, das juventudes, dos povos da floresta, das defensoras e defensores dos direitos humanos, econômicos, sociais e ambientais.
Nestes três dias, houve muitas trocas, solidariedade, afirmações de identidades, de companheirismo, acolhida, cuidado e amorosidade reforçando que, para nós, o outro mundo possível é aqui e agora, e está sendo construído por nós no cotidiano de nossas vidas, de nossas escolhas, de nossas práticas.
Ao final do Seminário Nacional e da Assembleia Geral, a Abong afirmou suas orientações estratégicas para o próximo período: 1. articular a resistência, radicalizar a democracia e a defesa dos direitos e dos comuns; 2. denunciar o atual modelo de desenvolvimento articulando com o debate sobre novos paradigmas e práticas para outro mundo possível; 3. defender um ambiente favorável para a atuação autônoma dos movimentos e organizações da sociedade civil; 4. fortalecer a Abong, sua base associativa e sua democracia interna.
Além disso, as organizações e os movimentos sociais aprovaram as seguintes moções:
- em solidariedade ao povo de Moçambique, do Malawi e do Zimbábue pelo sofrimento com o ciclone, provocado pelas mudanças climáticas e resultado deste modelo de desenvolvimento que não respeita a natureza e a vida;
- em apoio ao Movimento Internacional Lula Livre por entenderem que o ex-presidente merece um julgamento justo com uma corte imparcial e que esse direito deve ser garantido para que sejam reestabelecidas as bases da democracia no Brasil;
- contra a proposta de reforma da previdência do Governo Bolsonaro porque ela aumenta as desigualdades com a mercantilização da previdência e a seguridade social;
- contra a desvinculação orçamentária dos recursos destinados à saúde e à educação porque irá prejudicar as populações mais pobres e excluídas do povo brasileiro;
- contra o fechamento ou congelamento dos conselhos de políticas públicas por entenderem que a participação autônoma das organizações e movimentos sociais nos conselhos é a melhor forma da sociedade civil fiscalizar a atuação do Governo Federal;
- contra a comemoração golpe militar de 1964 porque os militares institucionalizaram a tortura, o sequestro e o assassinato de jovens que ousaram defender a democracia e os direitos do povo brasileiro;
- de apoio à luta dos povos indígenas e contra a municipalização da saúde indígena que, se implementada, irá gerar mortes de crianças, mulheres e idosos indígenas, perpetrando o genocídio provocado pelo homem branco contra os povos brasileiros originários.
Ao final, a Assembleia Nacional da Abong elegeu seu novo Conselho Diretor, instância máxima de gestão democrática e participativa composto por uma grande diversidade de lideranças nacionais de todas as regiões do Brasil, com grande representatividade de mulheres, de negros e negras, jovens, defensoras e defensores de direitos humanos, humanistas, e de um amplo leque de profissionais ligadas às mais variadas causas e políticas públicas.
Com a realização do II Seminário Nacional e da Assembleia Geral, a Abong consolida seu papel como uma rede nacional que possui organizações atuantes nas mais variadas causas e territórios, OSCs de porte pequeno, médio ou grande que representam a diversidade da sociedade civil brasileira, em especial, aquelas que atuam da defesa da democracia, dos direitos e dos bens comuns e que terão um papel fundamental na participação e articulação de outras redes, plataformas e processos de organização do povo brasileiro, dos povos latino-americanos e dos povos do mundo para participarem de forma ativa na superarão das crises civilizatórias em que nosso planeta foi levado pelo atual sistema capitalista.
A gente se encontra na luta!